Cientistas criam material mais resistente para restauração dentária. Estudo liderado por brasileiras mostra que o cimento ionômero de vidro, ainda em fase de testes, pode ser uma opção mais saudável, prática e resistente à resina e ao amálgama.
Um estudo liderado por cientistas brasileiras desenvolveu um novo material para restaurações dentárias. Os pesquisadores melhoraram as propriedades de uma substância chamada cimento de ionômero de vidro e acreditam que ela pode se tornar uma opção mais resistente e segura à resina e ao amálgama, utilizados atualmente. A descoberta foi publicada nesta terça-feira no periódico Scientific Reports. De acordo com os cientistas, as vantagens do material são várias. O cimento de ionômero de vidro não precisa de uma camada intermediária de adesivo para se colar ao dente, ao contrário da resina; libera fluoreto, o que ajuda a prevenir cáries; pode ser misturado à mão, descartando o uso de equipamento especial; e não precisa ser iluminado com uma lâmpada para endurecer.
Estas duas últimas vantagens são úteis em áreas onde não há eletricidade ou equipamentos odontológicos. Gráfico estudo cárie A resina é o material mais utilizado atualmente para preencher as cavidades causadas pela cárie. Ela se assemelha à cor dos dentes e é razoavelmente forte para aguentar os movimentos de mastigação. Entretanto, os preenchimentos precisam ser substituídos com frequência em pacientes com tendência a desenvolver cáries. Outra desvantagem é que a resina requer o uso de um adesivo para colá-la ao dente e isto faz com que o processo de preenchimento seja mais vulnerável. A amálgama é outro material utilizado nos tratamentos. Embora seja resistente, está em desuso porque o mercúrio de sua composição traz riscos à saúde e ao meio ambiente.
Estudo – O trabalho para desenvolver um material mais prático e resistente que a resina e livre do mercúrio do amálgama foi realizado na Universidade de Copenhague, na Dinamarca. De acordo com Heloisa Bordallo, física brasileira pesquisadora da instituição e uma das líderes do estudo ao lado da dentista Ana Benetti, também brasileira, o cimento de ionômero de vidro já é utilizado em obturações, mas não como a primeira escolha de tratamento. O problema é sua porosidade, que o torna mais suscetível à quebra. Para corrigir esse defeito, os cientistas estudaram a conexão entre a estrutura do material e sua resistência. Eles se concentraram em dois tipos de cimento de ionômero de vidro: o cimento em si e outro com uma mistura de ácidos. Também foram utilizados dois tipos de líquidos para dar liga ao pó de cimento: água comum e água com uma composição ácida. Os experimentos mostraram que a combinação de cimento com mistura de ácidos e água comum é o material mais fraco. A substância ficou mais resistente na união de cimento puro e água com uma mistura de ácidos.
Os cientistas dizem que são necessários mais testes com novas misturas, como minerais naturais, para criar um material saudável e duradouro. “As propriedades dos cimentos de ionômero de vidro têm melhorado a cada dia.